sábado, 18 de outubro de 2014




Escolha bem tuas palavras
filhos da barbárie não cuidam tão bem assim de fantasias
oferecem pouco afago, pouco estrago, poucas tragadas  

Acho que o nosso carro quebrou na estrada
Mas tinha uma aldeia bem pertinho , cachoeira, descanso, um pajé, o dia inteiro  
Maldito caminho com placas.
Eu sempre acreditei tanto no coração

Sentei no asfalto,  imaginei uma lenda
você não parava de consertar o carro. E mexia na roda , no passado
e eu vil na necessidade tola de brincar, enquanto os carros que passavam nos sacaneavam
Isso te ofendia.
Te doía mais, a sua interpretação de minha desistência
Quem vem de longe, só pensa em dormir.
Não tinha como consertar , nem pedir carona
Porque não comemorar uma festa, só porque faltou a festa ?

E eu poderia ser um guerreiro milenar
com armas , poemas e namorar pela fogueira.
você caçava , eu construía e arrumava a oca
Maldita placa e contratos.
Pretextos sociais fadados á troca
Eu homem, você minha mulher

O pajé poderia ser mais sensível  que o presidente
prefiro conversar sobre plantas do que tragédias pela manha
eu até pensei em fazer uma nação.
você cortou minha poesia no meio e disse:

- amor tem um caminhão.
- Moço você vai passar em Felicidade aqui bem perto ?  

O caminhoneiro me olha com desdem. Quem é macho de usar uma viola e uma brasilia 72, sendo que a caixa financia em 56 parcelas mais entrada um carro zero com ar condicionado e freio abs? Quem ? Um comunista ? Uma crise grega de betas com alphas e letras fracas, como se um suposto fracasso, fosse afirmação

- vai não !
- e mesmo se passasse eu não levaria

Homem e carro quando quebra é a minha chance de fazer alguém abrir a perna

Nenhum comentário:

Postar um comentário